"Disseste de repente que precisavas ter os pés na terra, porque se começasses a voar como eu todas as coisas estariam perdidas." Caio F.



quinta-feira, 31 de março de 2011



"Enquanto  a  vida  vai  e  vem,
Você  procura  achar  alguém,
Que  um  dia  possa  lhe  dizer:
-Quero ficar só com você."

Renato Russo
Trecho da Música "Antes das seis".



"Intimidade    é quando a vida da gente relaxa diante de outra vida e respira macio. Não há porque se defender de coisa alguma nem porque se esforçar para o que quer que seja. O coração pode espalhar os seus brinquedos. Cantar a música que cada instante compõe. Bordar cada encontro com as linhas do seu próprio novelo. Contar as paisagens que vê enquanto cria o caminho. Andar descalço, sem medo de ferir os pés."


Ana Jácomo

" Fiz  o  que  quis  e  fiz  com  paixão.
Se  a  paixão  estava  errada,  paciência.
Não  fiquei  vendo  a  Vida  passar,
sempre  acompanhei  o  desfile. "



Mário Lago

segunda-feira, 28 de março de 2011




Mas eu quero.
Eu quero um amor todinho meu, não uma metade, nem alguns caquinhos,
mas todinho.
Que eu possa chamar de meu, apertar, morder, beijar, bater.
É meu, caramba!
Ah... E eu quero surpresa, quero loucuras, quero bagunça, crise de ciúme, briguinhas que acabam em agarros, provas de amor.
Eu quero me surpreender.
Até hoje, todos esses meus amores foram pré-definidos por uma lista de objetivos na vida, por um sonho bobo, por uma aposta.
Agora eu quero me surpreender.


Mayara Freire

sábado, 26 de março de 2011



"O meu mundo não é como o dos outros,
 quero demais, exijo demais;
em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que eu nem mesma
compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa;
sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa, violenta, atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
 que tem saudade…
sei lá de quê!"



Florbela Espanca

Ando com uma vontade tão grande de receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções. Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, mensagem na madrugada, quero flores, quero doces, quero música, vento, cheiros, quero parar de me doar e começar a receber.
Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências. Eu vou gostando, eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu voue continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos. E vou dando muito de mim, e aceitando o pouquinho que os outros tem para me dar.

Caio F.
Eu, cansei.
Já não estou mais na idade...
O que importa é que você entra por um ouvido meu e sai pelo outro,
sabia?
Você não fica.
Você não marca.
 Eu sei que fico em você...



Caio F.

sexta-feira, 25 de março de 2011




De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu
Salvando minha alma da vida
Sorrindo e fazendo o meu eu
...


Trecho da música "Dona Cila" de Gadú



Vó, parabéns pra você...Aonde estiver..
TE AMO !  -jôH



(...)

Desculpe, não se pode negociar com a paixão.
Porque eu também não entendo às vezes esses caminhos que a vida tece.
E nós que morávamos um no outro, ficamos sem casa.
Perdoe a falta de abrigo, é que agora eu moro no caminho.


Marla de Queiroz

quinta-feira, 24 de março de 2011


"E, mesmo que eu em te me perca,
Nunca mais serei aquela que se fez seca,
Vendo a vida passar pela janela."



Trecho da música "Quando Fui chuva" de Maria Gadú.


"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. "

Caio F.

quarta-feira, 23 de março de 2011



Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra como pensa muito mais nela...

Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como o "bonzinho" não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa que não te liga é a que mais pensa em você...
Um dia saberemos a importância da frase:

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
Um dia percebemos que somos muito importantes para alguém mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...
um dia descobrimos que apesar de viver quase 100 anos, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem de ser dito...

O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.


Mário Quintana

terça-feira, 22 de março de 2011


"Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar."

Clarice Lispector


"Nunca fui como todos,
Nunca tive muitos amigos,
Nunca fui favorita,
Nunca fui o que meus pais queriam,
Nunca tive alguém que amasse,
Mas tive somente a mim.
A minha absoluta verdade,
Meu verdadeiro pensamento,
O meu conforto nas horas de sofrimento,
não vivo sozinha porque gosto,
e sim porque aprendi a ser só..."



Florbela Espanca

segunda-feira, 21 de março de 2011


Não há quem não feche os olhos ao comer, não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita, não há quem não feche os olhos ao beijar, não há quem não feche os olhos ao abraçar. Fechamos os olhos para garantir a memória da memória. É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras. Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo. O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio. Os cílios se mexem como pedais da memória. Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível. Viver é boiar, recordar é nadar. Escrevo na água, no vento da água. O passado sem os olhos fechados é como uma roupa enrugada. Sem corpo. Sem as folhas dos plátanos.


Carpinejar

sábado, 19 de março de 2011


"Gostaria de não saber destes crimes atrozes.
É todo dia agora e o que vamos fazer ?
Quero voar pra bem longe, mas hoje não dá.
Não sei o que pensar e nem o que dizer,
Só nos sobrou do amor a falta que ficou."

Trecho da música "Os Anjos"
Renato Russo
 
 
(...)Muitas vezes, nós nos escondemos uns dos outros para nos protegermos e também juramos ser de concreto o nosso muro de folhas. Nós nos escondemos por contraditória defesa, porque, no fundo, além de todo e qualquer medo nosso, a verdade é que tudo o que mais queremos é olhar e sermos olhados com amor. Nosso corpo com tudo o que faz parte do seu reino, nossas palavras, nossos silêncios, nossos gestos, nossa ausência de gestos, tudo isso diz, tudo isso são brechas entre as folhagens que nos revelam o tempo inteiro, mas a gente nem desconfia ou simplesmente esquece. Não é raro, achamos que nossos sentimentos estão escondidos quando partes da alma estão todas de fora.
Nossas supostas cercas também são vivas. Na maioria das vezes, desnecessárias.
 
Ana Jácomo

sexta-feira, 18 de março de 2011

Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.


Drummond

quarta-feira, 16 de março de 2011

Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis     !


Caio F.





 

terça-feira, 15 de março de 2011



Eu acho que tudo o que eu vivi me ensinou muito, mas não aprendi o suficiente para me tornar um adulto. Eu perdi amores, ganhei outros, e ainda sinto falta. Pra mim, o abraço sincero é mais importante que o beijo apaixonado e, o andar de mão dada expressa mais o sentimento que a serenata. Qualquer um é capaz de pegar uma viola e fazer um papelão na janela da menina, eu quero ver é suportar as crises, as brigas, as neuras dela durante toda uma vida e ainda assim caminhar de mão dada. É nisso que eu acredito, nesse sentimento raro e eterno. Porque a gente tem que viver se controlando para não matar EXATAMENTE aquilo que ama?




Mayara Freire

segunda-feira, 14 de março de 2011



Tenho aprendido com o tempo que a felicidade vibra na frequência das coisas mais simples.
 Que o que amacia a vida, acende o riso, convida a alma pra brincar, são essas imensas coisas pequeninas bordadas com fios de luz no tecido áspero do cotidiano.
 Como o toque bom do sol quando pousa na pele.
A solidão que é encontro.
O café da manhã com pão quentinho e sonho compartilhado.
A lua quando o olhar é grande.
A doçura contente de um cafuné sem pressa.
 O trabalho que nos erotiza.
 Os instantes em que repousamos os olhos em olhos amados.
O poema que parece que fomos nós que escrevemos.
A força da areia molhada sob os pés descalços.
 O sono relaxado que põe tudo pra dormir.
 A presença da intimidade legítima.
A música que nos faz subir de oitava.
A delicadeza desenhada de improviso.
 O banho bom que reinventa o corpo.
 O cheiro de terra.
O cheiro de chuva.
O cheiro do tempero do feijão da infância.
O cheiro de quem se gosta.
O acorde daquela risada que acorda tudo na gente.
 Essas coisas.
 Outras coisas.
 Todas, simples assim.
(...)



Ana Jácomo

sábado, 12 de março de 2011




Uma vez Renato Russo perguntou a galera que estava assistindo ao seu show:


_Quem que já sofreu por amor?

_Isso tudo já se apaixonou de verdade?

_Eu sempre faço essa pergunta, porque, EU NÃO ACREDITO NISSO...

_Eu cheguei à conclusão que "se o amor é verdadeiro não existe sofrimento."

sexta-feira, 11 de março de 2011

♪ ♪ ♪


O anjo mais velho

O dia mente a cor da noite,

E o diamante a cor dos olhos,
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente.
Enquanto houver você do outro lado

Aqui do outro eu consigo me orientar.
A cena repete a cena se inverte.
Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar.
Tua palavra, tua história,

Tua verdade fazendo escola.
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar...
Metade de mim,

Agora é assim...
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto...
depende de como você vê.
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só.
Só enquanto eu respirar,
Vou me lembrar de você,
Só enquanto eu respirar...



Composição:Fernando Anitelli
 

quinta-feira, 10 de março de 2011



Eu quero, na verdade, eu quero que ele tente me descobrir.
 Até porque, hoje eu sou isso, amanhã aquilo e a mutação é constante.
 E, pra ser meu, ele vai precisar me descobrir todos os dias, me convencer e me encantar !
Eu quero me apaixonar todos os dias
por aquele cara alto, nem magro, nem gordo, de olhos escuros, de abraço apertado, de encaixe perfeito, de barba cerrada, de amor sincero que me traz flores com um bichinho de pelúcia em plena quinta-feira, depois que eu chego do trabalho descabelada e me jogo no sofá.
Que me entrega as flores com um sorriso enlouquecedor e ri quando eu quero morrer por estar horrível e que me cala com um beijo quando eu vou brigar com ele por ele não ter me avisado que viria.
Eu quero viver o que ninguém me permitiu que eu vivesse.
 Que ninguém me fez conhecer e que eu só conheço por que sonho, porque tenho uma mente incrivelmente fértil.
 Eu quero sentir falta na segunda mesmo depois de passar o sábado e domingo com ele e saber que o verei na terça.
Eu quero enlouquecer de saudade, e quero que essa saudade me faça correr atrás dele onde quer que esteja só pra eu abraçá-lo e voltar correndo para o escritório.
Eu quero ser a irresponsável da relação, eu quero ser a maluca, a que não tem limites e não a que precisa se manter centrada sempre pra que nada saia dos conformes, pra que tudo fique bem e não acabe em discussão.
 Eu não quero ser a que presta atenção nos detalhes, que vive se preocupando exageradamente, perguntando se tudo está bem, se sentindo incapaz de fazer alguém feliz.Eu quero ser feliz e quero ter a certeza de que ele é feliz porque me ama e porque ele me faz feliz.
Que por causa dele eu deixei de me trancar num casulo pra voar ao lado dele.
Que eu não preciso dele pra andar nem ser feliz, mas que é muito melhor andar e ser feliz ao lado dele.
Eu quero alguém assim...
 Que não tem forma, nem nome, nem cheiro...
 Mas que está vivo em meus sonhos e que um dia vai renascer pra mim e vai me encontrar em algum lugar, um lugar onde jamais eu espero encontrar o amor da minha vida.
 A vida me reserva surpresas, e a melhor delas será o dia em que ele se tornar real pra mim e eu puder sentir o cheiro, ver a forma, e pronunciar o nome.

Mayara Freire

quarta-feira, 9 de março de 2011

Liberdade


pra mim é pouco,


o que desejo ainda não tem nome !

Clarice L.

sábado, 5 de março de 2011


Olhe para um lugar onde tenha muita gente:
uma praia num domingo de sol, uma estação de metrô, a rua principal do centro da cidade.
Metade deste povaréu sofre de dor de cotovelo.
Alguns trazem dores recentes, outros trazem uma dor de estima, mas o certo é que grande parte desses rostos anônimos tem um amor mal resolvido, uma paixão que não se evaporou completamente, mesmo que já estejam em outra relação.
Por que isso acontece?
Tenho uma teoria, ainda que eu seja tudo, menos teórico no assunto.
Acho que as pessoas não gastam seu amor.
 Isso mesmo.
Os amores que ficam nos assombrando não foram amores consumidos até o fim.
Você sabe, o amor acaba.
É mentira dizer que não.
Uns acabam cedo, outros levam 10 ou 20 anos para terminar, talvez até mais.
 Mas um dia acaba e se transforma em outra coisa:
 lembranças, amizade, parceria, parentesco, e essa transição não é dolorida se o amor for devorado até o fim.
Dor de Cotovelo é quando o amor é interrompido antes que se esgote.
 O amor tem que ser vivenciado.
 Platonismo funciona em novela, mas na vida real demanda muita energia, sem falar do tempo que ninguém tem para esperar.
E tem que ser vivido em sua totalidade.
É preciso passar por todas as etapas:
atração-paixão-amor-convivência-amizade-tédio-fim.
Como já foi dito, este trajeto do amor pode ser percorrido em algumas semanas ou durar muitos anos, mas é importante que transcorra de ponta a ponta, senão sobra lugar para fantasias, idealizações, enfim, tudo aquilo que nos empaca a vida e nos impede de estarmos abertos para novos amores.
Se o amor foi interrompido sem ter atingido o fundo do pote, ficamos imaginando as múltiplas possibilidades de continuidade, tudo o que a gente poderia ter dito e não disse, feito e não fez.
Gaste seu amor.
Usufrua-o até o fim.
 Enfrente os bons e maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize.
Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade.
Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo.
Isso é que libera a gente para ser feliz novamente!


Arnaldo Jabor

sexta-feira, 4 de março de 2011


O amor não é uma desculpa. Você não pode justificar o ciúme com o amor. Sinto ciúme de você porque te amo demais. Eu já disse isso, mas hoje vejo diferente. Se eu amo demais, o problema é meu. Dizer que ama e quantificar o amor só serve para quem sente. Se eu tenho o maior amor do mundo, o mais puro e o que mais me faz feliz o problema é exclusivamente meu. Sabe por quê? Não importa o amor que eu sinto, não para o outro. Para o outro importa como eu demonstro, me comporto e vivo esse amor. O que adianta eu dizer que o meu amor é o mais puro de todos se eu não mostro isso? O amor não é uma palavra bonita. O maior problema do mundo, hoje, é esse. As pessoas acham que falar basta. Não, falar não basta. O amor não tem que ser dito, ele precisa ser sentido, senão ele não sobrevive.

Clarissa Corrêa

quinta-feira, 3 de março de 2011



O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora. Ele apazigua o meu peito com uma lista breve de prós e contras. Mas me dá escolhas. Eu me percebo transformada pelo que o amor tirou de mim por precisar de espaço amplo e bem cuidado para se instalar. O amor tira de mim a armadura, pois não consigo controlar a vulnerabilidade que vem com ele; tira também a intransigência. O amor me ensina a negociar os prazos, a superar etapas, a confiar nos fatos. O amor tira de mim a vontade de desistir com facilidade, de ir embora antes de sentir vontade, de abandonar sem saber por quê. E é por isso que o amor me assombra tanto quanto delicia. Porque não posso virar as costas pra uma mania quando ela vem de uma pessoa inteira. Porque eu não posso fingir que quero estar sozinha quando o meu ser transborda companhia. O amor me tira coisas que eu não gosto, coisas que eu talvez gostasse, mas me dá em dobro o que nunca tive: um namoramento por ele mesmo. O amor me tira aquilo que não serve mais e que me compunha antes. O amor tirou de mim tudo que era falta.

Marla de Queiroz